Período pós-Coronavírus exige cuidados redobrados com o coração

Não basta apenas estar recuperado do Coronavírus. É necessário confirmar que ele não deixou sequelas no organismo, principalmente no coração, já que muitos danos secundários não são apenas demonstrados durante a sua fase aguda.
Ainda há muitos pontos que precisam ser descobertos e estudados sobre a Covid-19, mas evidências já conseguem apontar possíveis lesões cardíacas após a infecção.
Pacientes que antes não apresentavam adversidades no coração ou até mesmo fatores de risco para doenças cardiovasculares podem desenvolver alterações cardíacas num período posterior ao contágio pelo vírus.
Os prejuízos independem do grau da doença, já que até os quadros mais leves podem desencadear complicações semanas ou até mesmo meses depois da pessoa contrair o Coronavírus.
O problema é que, muitas vezes, essa sequela no peito não dá sintoma algum e o indivíduo só vai sentir suas consequências ao exigir um trabalho extra do sistema cardiovascular.
Isso acontece, por exemplo, durante uma atividade física: o coração precisa bater mais para bombear sangue aos músculos e, se tiver com alguma lesão, provocada pela Covid-19, pode funcionar mal e até “pifar”.
Por isso, o recomendado é que todos os pacientes acometidos pelo Coronavírus sejam acompanhados por um cardiologista após a fase crítica, para garantir uma recuperação adequada e segura.

Complicações cardíacas pós-Coronavírus

Foi-se o tempo em que a Covid-19 era encarada apenas como uma doença respiratória. Hoje em dia, sabe-se que ela não se limita aos pulmões e tem diversas repercussões no organismo, com ataques a vários órgãos, como intestino, rins, cérebro e coração, sendo considerada uma enfermidade sistêmica.
Inclusive, há cada vez mais dados que revelam que indivíduos que foram infectados sofreram danos no coração.
Desde o início da pandemia, muitos doentes internados em hospitais devido ao Coronavírus passaram a apresentar algum tipo de lesão cardíaca. Porém, mais recentemente, foi observado que o mesmo está acontecendo em pessoas que não chegaram a ser hospitalizadas, isto é, que tiveram apenas sintomas leves ou moderados e que não tinham problemas previamente diagnosticados.
A infecção pode ser um fator que piora uma doença cardíaca preexistente, mas também é o gatilho para o surgimento de uma enfermidade no peito em cerca de 12% dos pacientes.
O Coronavírus pode danificar o coração de várias maneiras e por caminhos diferentes, uma vez que ele é uma das peças-chave para o funcionamento do corpo humano, tal como o pulmão. Ambos, aliás, trabalham juntos a fim de manter a oxigenação. Ou seja, quando o pulmão é afetado por uma doença, como a Covid-19, o coração também pode ser prejudicado.
No músculo cardíaco, o Sars-CoV-2, vírus responsável pela pandemia atual, tem uma ação direta e indireta. Em primeiro lugar, o patógeno pode se alojar ali e devastar as células do órgão.
Segundo, o contágio gera uma resposta desmedida do sistema imune. Uma vez que o organismo detecta um inimigo, ele ativa suas defesas imunológicas e passa a trabalhar para atacar as células doentes. Para realizar esse combate à inflamação, os vasos sanguíneos se dilatam com objetivo de levar mais sangue e, com ele, mais células imunológicas ao local. Assim, quando o corpo reage de maneira muito vigorosa e desenfreada, corre-se o risco de destruir tecidos saudáveis do coração e, desta forma, prejudicar o seu funcionamento.
Ele também pode ser comprometido indiretamente pela redução na concentração de oxigênio gerada pela disfunção dos pulmões, pela liberação de citocinas na corrente sanguínea (substâncias capazes de reduzir a função cardíaca) e por isquemia, devido à formação de coágulos na microcirculação. Além disso, a febre e a infecção motivadas pela Covid-19 promovem a aceleração dos batimentos e alteram a pressão arterial, causando mais estresse ao órgão.
Assim, as lesões ocorrem tanto pela ação direta do Coronavírus no coração como pela elevação de substâncias inflamatórias no organismo. Tudo isso mesmo com a ausência de doenças cardíacas congênitas, preexistentes ou de fatores de risco, como diabetes, hipertensão, colesterol, tabagismo, obesidade, sedentarismo, entre outros.
Diversas pesquisas e estudos estão em andamento para esclarecer essas e outras questões sobre a relação da Covid-19 com o coração, mas o que já se sabe até o momento é que o vírus pode atacar diretamente o miocárdio, causando uma inflamação, conhecida como miocardite.
O miocárdio é responsável pela contração do coração e, consequentemente, pelo bombeamento do sangue para o restante do corpo e ao ficar inflamado pode gerar uma diminuição do aporte sanguíneo. A miocardite não é uma condição necessariamente grave, mas, em alguns casos, leva à insuficiência cardíaca e gera arritmias.
A arritmia nada mais é do que um descompasso nas batidas que permitem o coração contrair para bombear sangue pelas artérias. Num momento de esforço, o órgão precisa trabalhar com muita rapidez e eficiência, já que aumenta a demanda por oxigênio e nutrientes.
É exatamente nessa hora em que esse desajuste cardíaco pode aparecer. Estima-se que uma situação como essa possa acontecer até 60 dias após o diagnóstico e a recuperação do Coronavírus.
Outro transtorno relacionado à exacerbada resposta inflamatória devido à infecção é a disfunção no endotélio dos vasos sanguíneos, aumentando a resposta pró-coagulante, o que associado a menor oferta de oxigênio, contribui para formação de trombos nas artérias, aumentando o risco de trombose e infarto.

Estatísticas de problemas cardíacos pós-Coronavírus

Numa análise publicada na revista científica JAMA Cardiology, foram identificados complicações cardiovasculares em doentes que faleceram com Covid-19 e que não tinham sido previamente diagnosticados com problemas cardíacos.
Outro estudo, publicado na mesma revista, revelou que, em ressonâncias magnéticas de indivíduos que tinham se recuperado da doença, foram encontradas anomalias no coração em 78% dos casos (60% apresentavam inflamação do miocárdio).
Este mesmo estudo registrou elevados níveis de troponina, uma enzima que é liberada no sangue quando ocorrem danos cardíacos, em 76% das pessoas envolvidas no estudo.
Outra pesquisa, publicada no European Heart Journal, registou resultados semelhantes: cerca de 50% dos doentes que foram hospitalizados com sintomas severos do Coronavírus e que demonstraram níveis elevados de troponina tinham danos no coração, como miocardite, enfarte, isquemia ou uma combinação dos três. Estas lesões foram detectadas por meio de ressonância magnética, pelo menos um mês após os pacientes receberem alta.

Acompanhamento médico pós-Coronavírus

É preciso ter consciência de que receber alta médica depois de ter Covid-19 não significa necessariamente estar totalmente recuperado. Existe risco de sequelas em todos os órgãos, inclusive no coração.
A atividade inflamatória provocada pelo vírus pode persistir de maneira silenciosa e com manifestação tardia, inclusive com a possibilidade de sequelas crônicas. Ou seja, certos riscos ainda permanecem.
Por isso, quem já foi infectado pelo Coronavírus e está na fase de recuperação deve ficar atento a qualquer tipo de sintoma que o corpo emite, como cansaço, palpitação, falta de ar, dor muscular, dor no peito, dor de cabeça, batimentos cardíacos irregulares, inchaço nos tornozelos e tonturas, e procurar um cardiologista para que os sinais possam ser devidamente avaliados em um check-up completo.
Os especialistas indicam que todos os recuperados realizem ao menos o eletrocardiograma, um exame simples que mede como está a atividade elétrica do coração, que é responsável por regular os batimentos deste músculo.
Agora, para os casos mais graves, o check-up depois da Covid-19 precisa ser mais completo. Além do eletrocardiograma, outros exames também são fundamentais, como a dosagem no sangue da troponina (uma proteína que fica alterada quando o coração não está bem), o teste ergométrico (aquele feito numa esteira para medir a resistência física, cardíaca e pulmonar), o holter (que permite o registro contínuo do ritmo e da frequência cardíaca durante 24 horas) e até uma ressonância magnética.
Fora esses cuidados médicos, manter a positividade também faz parte da recuperação. Portanto, é preciso seguir com fé e esperança, acreditando que dias melhores virão.

Cuidados com a saúde e principalmente com o coração na pandemia

A compreensão dos efeitos da contaminação pelo Coronavírus bem como de suas consequências seguem sendo descobertas, avaliadas e estudadas. As pesquisas estão em andamento e, provavelmente, só daqui a algum tempo aparecerão mais certezas e dados concretos.
O processo durante a pandemia é muito dinâmico, tornando necessário acompanhar a evolução da doença a cada dia para se conhecer a fundo as suas implicações.
Ainda não é possível concluir se esses abalos na saúde serão permanentes e se a lista de sequelas, tanto cardíacas como de outros sistemas, tende a ser mais longa do que já foi revelado.
Por enquanto, é dever de toda a sociedade permanecer ligada aos sinais do corpo, manter a rotina diária de atenção e dedicação à saúde, além de todos os cuidados para evitar o contágio, incluindo vacinação, uso de máscara e álcool gel e distanciamento social. A prevenção ainda é a melhor forma de se proteger contra a Covid-19.
Em caso de dúvidas, não pense duas vezes em procurar orientações de um médico.

Consulta com cardiologista na CTCor

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